Música da “plebe” sempre foi motivo de confusão. Se nos
bailes de gala as moças (que faziam parte da monarquia, burguesia e qualquer
outro Ia que remeta uma “castra” rica) tinham que dançar elegantemente com seus
saltos altos e com seus vestidos caros. Ao ar livre as mulheres camponesas ou
sem “classe econômica”, podiam dançar de forma mais solta, pulando, rindo
verdadeiramente. A vista dos nobres, homens ou e mulheres da plebe pareciam
selvagem sem classe.
Eu fui no ano de 1630 dc para provar que o que é do povão é sempre
hostilizado por aquele que tem dinheiro.
O funk no Brasil teve sua origem no Rio
de Janeiro nos anos 80 e as festas que tocavam esse tipo de música são chamados
de : baile funk. Afinal antes disso no rio era bem comum ter: baile matine para
crianças, baile de máscaras, baile de gala e por ai vai.
O ritmo a meu ver é muito bom e diferente do que muitos falam
as letras não fazem uma apologia e sim relato de como é a vida no morro. Nos
anos 93/94 uma das músicas que eu mais escutava nas rádios do Rj dizia assim:
“Eu só quero é ser feliz,Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.E poder me orgulhar,E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.Fé em Deus, DJMinha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,Com tanta violência eu sinto medo de viver.Pois moro na favela e sou muito desrespeitado,A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado.Eu faço uma oração para uma santa protetora,Mas sou interrompido à tiros de metralhadora.Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,O pobre é humilhado, esculachado na favela.Já não aguento mais essa onda de violência,Só peço a autoridade um pouco mais de competência.”
do Rap Brasil.
Mais tarde no ano 95 o Brasil que não conhecia o funk fica
sabendo do funk melody com Claudinho e Bochecha e outros artistas que em suas
letras só falavam de amor.
E isso aconteceu de forma mais clara quando a Xuxa em
seu programa, Planeta Xuxa (1997), que passava aos sábados a tarde levava
sempre música funk e com o grupo you can dance que fazia parte do programa.
Do ano 2000 até hoje, o funk melody foi desaparecendo e foi aparecendo
um funk que supostamente faz apologia ao sexo, drogas e vulgaridade. A palavra
apologia é pesada por que com certeza uma pessoa do morro no Rj não faz uma
música pensando vou mudar a sociedade
cantando isso ou aquilo . Ele ou ela canta apenas aquilo que é do seu convívio.
E esse convívio foi mudando as letras também. A hipocrisia da
“nobreza” contemporânea em taxar que o funk não presta, porém dentro de suas
casas escutavam o funk, ou em suas boates particulares só com pessoas ricas. E essa
situação é denunciada na música:
“É som de pretoDe faveladoMas quando toca ninguém fica paradoTá ligadoO nosso som não tem idade, não tem raçaE não tem corMas a sociedade pra gente não dá valorSó querem nos criticar pensam que somos animaisSe existia o lado ruim hoje não existe maisPorque o funkeiro de hoje em dia caiu na realEssa história de porrada isso é coisa banalAgora pare e pense, se liga na responsaSe ontem foi a tempestade hoje vira abonançaPorque a nossa união foi Deus quem consagroAmilke e Chocolate é new funk demoro” do Amilcka e Chocolate.
Essa música teve mais notoriedade para sociedade com classe econômica
quando a cantora Fernanda Abreu gravou essa música e vários outros funks
no cd intitulado MTV ao Vivo: Fernanda
Abreu (2006).
E mais perto de 2012 muita música que em sua letra dizia que um tapa pode dar
na mulher, que a mulher bêbada é melhor
por que ela esquece que é casada e tem relação sexual com outro homem,a mulher
ser chamada de cachorra passa a ser um elogio e por ai vai. Surgem as mulheres frutas (relacionado ao nome da fruta com formato da bunda) que cantam e dançam. No entanto isso é
um retrato de como a mulher na favela é tratada.
E curiosamente a mesma mídia
que condena essas letras não mostra que muitas filhas de famílias ricas passam
a subir o morro e ter uma relação de admiração pelos “donos” do morro, que em
seus bailes na comunidade exibiam suas armas (de fogo). Passa a ser uma excitação subir ao perigoso
morro e a ter relações amorosas com os “donos” do morro. Isso foi retratado em
uma novela da rede Record chamada, Vidas
Opostas.
Com advento do
facebook no Brasil o Funk voltou a ser alvo dos comentários que a meu ver chega
a ser preconceituoso.
Não aguento mais: insultos contra funkeiros.
Obs: Funk não está no meu topo list de música de todo dia,
porém já escutei muito funk e ao fazer
esse texto escutei várias músicas antigas e cantei todas elas. É muito bom ter
a mente aberta e ver tudo por vários ângulos. E o ângulo do meu texto é único e
exclusivo cultural.
Texto de Rani MOL
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